sexta-feira, 22 de março de 2013

Herói no resgate de vítimas das chuvas em 1981 perde família em deslizamento no mesmo lugar, em Petrópolis


Jamil carrega corpo de menina no bairro Independência, em Petrópolis, em 1981. Na época, a chuva causou a morte de 67 pessoas e deixou 300 feridas em todo estado. Em 2013, no mesmo lugar, Jamil perdeu a filha e os dois netos
Em 1981, Jamil Luminato comoveu o país ao carregar o corpinho de uma menina morta durante um temporal em Petrópolis. Passados 32 anos, o herói vive o drama de perder parte da família no mesmo bairro Alto Independência. Nesta quinta-feira, Jamil sepultou a filha Drucilane Alves Luminato, de 27 anos, e os netos João Vítor, de 2, e Rodrigo Oliveira Valle, de 4, no Cemitério de Petrópolis.
— Essa tragédia se repete sempre. Todo ano, sempre igual. Daquela vez, ajudei a salvar os vizinhos. Ajudei aquela vez e em outras que a chuva fez estragos. Infelizmente desta vez, foi com minha filha e meus netos. Espero que façam algo para que não volte a acontecer — desabafou.
Aos 53 anos, Jamil costuma, toda vez que chove, sair às ruas para ajudar no resgate de vizinhos. Quando chegou à casa da filha, já era tarde. No lugar onde ficava a casa, havia apenas um buraco e lama. Drucilane chegou a ser retirada com vida dos escombros, junto com seu marido, Rodrigo Valle, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Santa Tereza.
Jamil Luminato enterra a filha, Drucilane Alves, e os netos Rodrigo e João Victor, no Cemitério Municipal de Petrópolis
— Ela foi retirada da lama e foi para o hospital, onde operou o fêmur, que havia quebrado. Ela ficou no CTI esse tempo e não contamos a ela sobre os meninos — disse a mãe da jovem, Aparecida de Souza Alves, de 45 anos.
A filha e o genro de Jamil planejavam deixar o imóvel onde moravam. Eles temiam que, como aconteceu, a casa fosse destruída quando acontecesse um temporal mais forte.
— Eles estavam construindo uma casa numa local próximo, mas fora de área de risco. Infelizmente não deu tempo. Nossa família não foi a primeira, e nem será a última a sofrer essas perdas. Ninguém faz nada e a tragédia vai se repetir — disse Edmílson da Silva, tio de Drucilaine.
A imagem de Jamil em 81, estampada na capa do “Jornal do Brasil” rendeu um prêmio Esso de Jornalismo, na categoria regional, ao fotógrafo Carlos Mesquita, morto no ano passado.
— Meu netinho mais velho tinha começado na escolinha. O pequeno queria ir também, minha filha ia ver uma creche para ele. Pensar no que aconteceu é muito difícil. Meu genro está no hospital ainda, mal. Ele precisa de doação de sangue — afirmou Jamil. Conheça a História.


Nenhum comentário:

Postar um comentário